sábado, 23 de agosto de 2008

Nós

Começei a conversar com ele
e quando vi
estávamos nos beijando.
.
Começei a beijar ele
e quando vi
estavamos nos amando.
.
Começei a amar ele
e quando vi
já não éramos mais
eu e ele.

4 comentários:

Anônimo disse...

Se nao eramos mais eu e ele... eh pq nunca tinha q ter sido!!

Anônimo disse...

Dé!
Esse poema me lembra um certo casal... será q eles terão um final feliz?

Anônimo disse...

"Oh meu Deus!"

Houve um silêncio. Ela continuava a riscar com o giz; os olhos brilhavam-lhe com muita suavidade. Sob a influência do seu estado de alma, Levine sentia, em todo o seu ser, que a felicidade o inundava cada vez mais fortemente.

— Oh, meu Deus, enchi a mesa de riscos — exclamou ela, pousando o giz e fazendo menção de se levantar.

«Como poderei eu ficar sem ela?», pensou Levine com terror, e pegou no giz.

— Espere — disse-lhe ele, sentando-se ao pé da mesa. — Há muito que desejava perguntar-lhe uma coisa.

Levine olhava-a nos olhos carinhosos, mas assustados.

— Então, pergunte.

— Olhe — disse Levine, e escreveu a giz as iniciais seguintes: Q,v,m,r,n,p,s,s,n,o,e. Aquelas letras queriam dizer: «Quando você me respondeu: «Não pode ser», significava nunca ou então?» Não havia probabilidade alguma de Kitty poder decifrar esta frase complicada. Levine olhou para ela como se a sua vida dependesse da compreensão daquelas palavras.

Kitty pousou nele os olhos com uma expressão grave; depois, apoiando na mão a testa, que franzira, principiou a decifrar as letras. De

vez em quando cilhava para Levine, como a perguntar-lhe com os olhos: «É o que eu julgo?»

— Compreendi — disse, por fim, corando.

— Que palavra é esta? — perguntou ele, apontando o n, a letra que indicava «nunca».

— Significa «nunca» — respondeu ela. — Mas não é verdade! Rapidamente Levine apagou o que estava escrito, entregou o giz a Kitty e levantou-se. Ela escreveu: «E,n,p,r,d,o,m.»

Dolly sentiu-se plenamente recompensada da mágoa que lhe causara a conversa com Karenine ao ver Kitty junto de Levine. Ela, com o giz na mão, olhando para ele com um sorriso tímido e cheia de felicidade, e ele, diante dela, inclinado sobre a mesa, com os olhos brilhantes, ora cravados no pano verde, ora em Kitty. De súbito, o rosto de Levine resplandeceu. Compreendera. Aquilo significava: «Então não pude responder de outra maneira.»

Olhou-a com uma expressão ao mesmo tempo interrogativa e tímida.

— Só então?

— Só — respondeu Kitty com um sorriso.

— E agora... agora?

— E a... agora?

— Bom, leia o que vou escrever. Dir-lhe-ei o que desejaria, o que desejaria com toda a minha alma!

Kitty escreveu as iniciais seguintes: «Q,v,p,e,e,p,o,q,a.» O significado era: «Que você possa esquecer e perdoar o que aconteceu.»

Levine pegou no giz com os dedos rígidos e trêmulos e, partindo-o, logo em seguida escreveu as iniciais da seguinte frase: «Não tenho nada que perdoar nem que esquecer e nunca deixaria de a amar.»

Kitty fitou-o com um sorriso extático.

— Compreendi — disse, num sussurro.

Levine sentou-se e escreveu uma frase comprida. Kitty compreendeu-a toda e sem perguntar-lhe se acertara, pegou no giz, por sua vez, e respondeu.

Por muito tempo Levine não conseguiu decifrar o que Kitty escrevera e de quando em quando fitava-a nos olhos. A felicidade tinha-o feito perder o uso das suas faculdades. Não havia maneira de encontrar as palavras a que correspondiam as iniciais. Mas, pelos encantadores olhos da jovem, que resplandeciam de felicidade, percebeu tudo quanto

precisava saber. Escreveu três letras. Ainda não acabara de o fazer já Kitty as lera, seguindo-lhe o movimento da mão; e foi ela quem terminou a frase e escreveu a resposta: «Sim.» — Estão a brincar de secrétaire? — perguntou o velho príncipe aproximando-se. — Vamo-nos embora já, se não querem chegar tarde ao teatro. Levine levantou-se e acompanhou Kitty até à porta.

Tivera tempo de dizer tudo: Kitty amava-o e diria aos pais que no dia seguinte pela manhã Levine lhes iria falar.

Tolstoi

Anônimo disse...

O Livro dos Prazeres
Nk

Impossível, diz em eco a mornidão ainda tão mordente e fresca da primavera. Impossível que esse ar não traga o amor do mundo! Repete o coração que parte sua secura crestada num sorriso. E nem sequer reconhece que já o trouxe, que aquilo é um amor. Esse primeiro calor ainda fresco trazia: tudo. Apenas isso, e indiviso: tudo.
E tudo era muito para o coração de repente enfraquecido que só suportava o menos, só podia querer o pouco aos poucos.