terça-feira, 29 de junho de 2010

Crônica: Pedalando contra a Copa

.....As carpas são conhecidas por serem peixes que nadam contra a correnteza. Hoje, eu fui uma carpa! Bem na hora do jogo Brasil VS Chile, eu e meu marido pegamos nossas bicicletas e fomos aproveitar o excepcional vazio das ruas de São Paulo para darmos um passeio por lugares além da ciclovia de domingo. Nós, que não curtimos futebol, mas somos assolados pela máquina midiática da Copa faz semanas, ousamos fazer um programa diferente neste horário marcado para os jogos do Brasil, contra tudo e contra todos.
.....Na porta de casa, mal pudemos acreditar! A frente do clube que está sempre repleta de taxis e carros de pais em filas duplas e triplas para pegarem seus filhos estava desértica. Comemoramos fazendo zigue-zagues bem no meio da rua! Seguimos em frente e nada de trânsito. Nem o Shopping Center que se considera o dono do bairro causava tumulto com o seu estacionamento sempre lotado. Nas calçadas, apenas os seguranças escalados (de má vontade) para protegê-lo contra os ladrões mais estratégicos. Afinal, Copa do Mundo deve ser uma boa hora para pegar os desavisados de assalto!
.....Resolvemos arriscar a avenida que é uma das artérias da metrópole. De longe, vimos que os ônibus amarelos não tinham parado de circular. Deixamo-nos passarem e, num momento de êxtase, ganhamos o coração da avenida. Que emoção! Nunca antes havíamos tido essa oportunidade de pedalarmos bem na faixa do meio! Antes, apenas timidamente o fazíamos pela faixa da direita, com medo de sermos atropelados por carros e motos mais ágeis do que nós. Rimos a toda, pois hoje éramos os donos das ruas e do bairro. Nem o clube, nem o shopping, nem os carros, foi o nosso Carnaval!
.....Nossa surpresa foi ver que não estávamos tão sozinhos como esperávamos. Os pontos de ônibus estavam cheios e muitas pessoas caminhavam pelas ruas vestidas de beje ou cor-de-rosa, sem os esperados amarelos ou verdes. Estariam doentes? Um músico carregava o seu violão. Uma mãe levava as filhas para algum lugar. Nenhum indicativo de loucura neles. Um homem com cara de choro passou por nós, este sim devia ter brigado com a namorada no dia errado. Duas mulheres conversavam sobre nada na calçada. Médicos entravam na maternidade para fazerem nascer os bebês. Vimos até um ciclista solitário. Sim, há vida além da Copa. Mais do que isso, há muitas pessoas que não estão nem aí para a competição internacional de futebol.
.....De repente, quando subíamos para a Vila Madalena, vieram os gritos alucinantes. Era o primeiro gol. Nesta hora, confesso que fiquei curiosa. Quem será que o marcou? Luis Fabiano? Robinho? Sim, após essas semanas, confesso que até sei que o jogador Juan está perfeito na Copa, apesar de não ser um atacante. Assim como a expulsão de Kaká e a briga de Dunga com o jornalista da Globo, muitas informações sobre a Copa do Mundo se infiltraram no meu universo blindado de interesse pelo tema. Para vocês terem uma idéia, eu até sei que a avó de Kaká sempre acreditou nele e deu-lhe sua primeira bola, muito além daquela coisa batida dele ser evangélico, sua mulher ser pastora e eles terem se casado virgens.
.....Logo veio o intervalo e motoristas tomaram as ruas enlouquecidos para chegarem no próximo bar ou ir para a casa de outro amigo, nos recordando de que não seríamos livres para sempre. Um deles, quase nos atropelou! A liberdade nos atordoa e, por um instante, eu não dei atenção ao sinal vermelho. Resolvemos encostar por um instante. Foi quando passou um carro repleto de homens de meia idade gritando para a gente: “Chupem seus Chilenos!” Na visão deles, não poderíamos ser brasileiros.
.....Tudo bem. Ostracisados pelos torcedores ou não, nós tivemos o nosso momento. É disso que o mundo precisa, espaço para todos, de todas as vertentes. Enquanto a maior parte de São Paulo assistia à Copa do Mundo, passeamos livres pelas ruas de São Paulo com nossas bicicletas ecológicas e ainda pudemos nos me deparar com tantas pessoas que, como nós, não estão “nem aí” para o jogo do Brasil VS Chile. Estavam cuidando de suas vidas, sem ilusões ou empolgações fulgazes. Somos as carpas da Copa e somos muitas!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Lançamento da Revista Ou Não

O lançamento da Revista Ou Não já serviu o seu propósito original, que é gerar intercâmbios entre artistas das várias regiões de São Paulo. Ontem, quando colocamos o endereço do CEU Quinta do Sol, localizado na Zona Leste, no "Google Maps" tomamos um susto com a lonjura do local. Foi só o início. Na prática do asfalto, sentimos na pele como a nossa cidade é grande, grande, grande. Levamos mais de uma hora de carro, sendo que era um domingo sem trânsito algum. Depois de passarmos o Centro e pegarmos a Radial Leste, tudo muda. A arquitetura, o jeito das pessoas dirigirem (liberdade poética para mudar de faixas sem sinalizar!), o tipo de comércio, a forma das pessoas se vestirem; em algum momento estávamos na frente de igreja, com praçinha e gente comendo pipoca, que mais se assemelhava a uma cidade de interior. E isso é São Paulo também, várias cidades dentro de uma cidade.
Chegando lá, encontramos a banda Degusta Groove passando o som. A revista, recém-saída do forno, estava sendo distribuída. Ficou clean for fora, coisa fina, e muito divertida por dentro, graças ao design gráfico arrojado do Fernando Dourado. Adorei a minha entrevista, feita pela Ana Caselatto, achei-a sucinta e perspicaz. As performances começaram, com destaque para a poesia corporal e literária de Chiu Yi Chih (foto acima) e o lançamento da banda de Didi Monteiro (foto abaixo), que estava sacudindo o salão quando eu tive que ir embora, para encarar a cidade toda de volta antes do por do sol...
A revista está sendo distribuída gratuitamente na Biblioteca Alceu Amoroso Lima ou, quem quiser deixar um post, eu envio para vocês.
Maiores informações: http://www.revistaounao.com.br/
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Também, vale clicar AQUI para ver o making-off da minha entrevista que está na revista. É um vídeozinho bem legal!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Douglaslândia

No Sábado, rolou o Sarau da Casa com Douglas Diegues (ilustríssimo embajador de la frontera Paraguaya), devidamente acompanhado de su domador de jakares, e o poeta Francisco Alvim. Foi uma grande honra para mim conhecer Douglas, cujo trabalho eu muito admiro e me encourajou muito escrevendo o prefácio do me primeiro livro: Ressurgência Icamiaba. Lá, conhecemos também o poeta Ademir Demarchi, editor da revista Babel, e Marcelo Ariel.
Francisco Alvim, Douglas Diegues, companheiro de Casa das Rosas e Ademir Demarchi.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Revista Ou Não!

Dia 27 de Junho (MUDOU A DATA!) será lançada a revista Ou Não, projeto nota 10 de Didi Monteiro e Fernando Dourado (pelo VAI), que estão cada dia mais mostrando a que vieram para Sampa e o mundo da cultura multimídia. A idéia é reunir artistas da Zona Leste e Zona Sul de São Paulo, alimentando um intercâmbio, um diálogo. Eu dei minha entrevista no Feira Moderna, no mês passado. Todos os detalhes estão no blog: http://revistaounao.blogspot.com/
O lançamento será na ZL com muita música, no CEU Quinta do Sol, Rua Luiz Iparato, 564 - Vila Císper. A partir das 15hs, entrada franca.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Imagens da Caravana Cabana

Viajamos os Rios Tapajós e Arapiuns a bordo do barco Celestial. Durante seis dias, ali dormimos, nos alimentamos e banhamos para podermos visitar as comunidades ribeirinhas.
Abarixo, quase todos os integrantes da Caravana Cabana em ação em Alter do Chão, uma comunidade Borari.
Junto aos comunitários: Leandro, Cris, Renan, eu (ao centro), Aline, Juan, Karime, Florêncio e Rodrigo. Mais sobre a Caravana: http://caravanacabana.blogspot.com

De volta à Sampa...

...com muitas histórias colhidas na minha cestinha!
Previsão para compartilhar textos: Dezembro de 2010.