O ser humano, com seu frenético ímpeto civilizatório, atravessa os desertos e escala as montanhas em busca de novos horizontes, como se as conquistas e as verdades estivessem sempre além de si e do seu entorno imediato. Só que logo ali, nos caules de qualquer jardim de inverno, resquícios de mata ou mesmo num singelo vaso, tudo está presente. Esculpidos em celulose e luminosidade, há o feminino e seus devoradores, leques guardiões de segredos, exércitos e seus escudos, libélulas dissimuladas, ventres e seios, prédios espinhosos, dentes e simetrias, ondas em fúria, ou seriam sedas flutuantes?
A nova série de Fernanda Genthon resgata o que há de majestoso em cada expressão da natureza, sem recorrer à exuberância das orquídeas e abdicando do frescor dos verdes. São as formas das folhas, retratadas num jogo de luzes e sombras excepcional, que nos encantam e confirmam que a natureza é o ultimate designer.
Extingue-se, na alta modernidade, a habilidade de apreciar a beleza dos pequenos milagres que nos cercam. A obra de Fernanda resgata em nós a alegria de estar atento, olhar de perto e, simplesmente, se deixar maravilhar.
(Minha introdução para a série FOLHAS, da fotógrafa brasileira que vive na China: Fernanda Friedrich Genthon)
3 comentários:
Adoro o trabalho de Fernanda, Deborah, especialmente esta série. São quase sumi-ês, não são? Gosto tanto da essência e do espírito do do SUMI-Ê, que este vai ser o título do meu primeiro livro de poesia. Abraços, Nydia.
Explicação interessante neste espaço, opiniôes como aqui está demonstram valor aos que ler neste sítio :)
Faz muito mais do teu blogue, a todos os teus cybernautas.
Assisti sua palestra no meu colégio (Master - Cbá, MT), e gostei bastante. Se puder, gostaria que olhasse um blog meu e de uma amiga minha, é: www.waiting-roomblog.com
Obrigado.
Abs.
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