quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Fruta Madura no pé!
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
De que vale um Sarau?
.....Em meio a essa neblina do que foi e o que poderia ter sido, sinto-me feliz. A felicidade é assim feito algodão doce, rosada e sem muito conteúdo, às vezes dá na telha dela aparecer!
.....É que toda hora me lembro de algo que enche o meu coração de alegria. Fico pensando na hora em que o Rui soltou a sua voz potente no palco e como isso deve ter surpreendido a platéia. Recordo-me da criança que ficou quase duas horas sentada na beira do palco sem arredar o pé dali. Do Victor me dizendo que este é o terceiro Sarau no qual ele se apresenta, ao lado da namorada que o acompanhava (viva os nossos companheiros de vida e literatura!). De repente, me soam como guizos os risos que a Analu arrancou da platéia - surpresa para ela também, que animou-se a perder até o aniversário de 110 anos da avó do Jonathas! Me vem em mente o papo com a Ana, sobre como as brigas do passado pertencem cada vez mais a ele e, com a ajuda do tempo, os ex-amigos voltam a ser isso novamente. Falando nisso, foi curioso ver Analu e Caco tomando vinho juntos, após um primeiro contato meio ébrio e truncado. Ouço a voz de Raquel falando sobre romanos no clube dos judeus, com muita propriedade! Me divirto até de lembrar do Caco chegando atrasado (o que foi motivo de angústia na hora), mas em tempo de deixar sua marca para o Grand Finale, que foi tão divertido. Certeza que os proseadores com bloqueios poéticos saíram de lá felizes por terem recitado poeminhas de cabeça!
.....E a platéia marcou presença, gente de todas as idades e o grupo do Haverim (com necessidades especiais) - que delícia tê-los conosco! O pessoal do Clube ficou feliz com o coro e nós também. Afinal, o que é um evento sem eles? Tomara que eles tenham gostado, ouvido algo novo, admirado-se ao ver jovens que fazem poesia e homens de cabelos grisalhos que ainda amam como adolescentes (alô Roberto!). São coisas raras deste mundo. Espero que em algum momento, ao menos um momentinho, eles tenham se emocionado ou dado uma risada gostosa ou mesmo achado algo muito ridículo! Qualquer coisa que tenha alterado sua rotina, que os tenha feito chegar em casa e contar para seu esposa ou esposo, “Você não imagina o que eu vi na Hebraica hoje!”
.....É isso que vale. Um dia um pouco mais cheio de vida do que os outros, um dia de encontros com aquilo que é e poderia ter sido, na vida ou na poesia. Singelo como isso, é o que vale.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Roberto Amado: o último escritor romântico da Década de 70!
Talvez seja porque o nome dele já fala de amor, que ele se debruçe a este tema de forma tão integral. No I Sarau Fantástico de A Hebraica, o escritor Roberto Amado dedicou seu primeiro texto à sua amada Maria e arrematou com outro belíssimo, dedicao aos amigos Deborah e Nicolau. Com os agradecimentos e a esperança de que o seu amor por Maria, nós e a humanidade, só cresca!
...
Num planeta muito distante, havia vida como há aqui. Com seres muito parecidos fisicamente com nós, os seres humanos. Da mesma forma que nós, eles se alimentavam, dormiam, ficavam felizes ou tristes. Mas havia uma diferença fundamental. Por motivos confusos, pouco explicados, os seres deste planeta tinham muita dificuldade de se reproduzir. Era baixíssimo o índice de fertilidade. E isso ocorria há muito tempo, razão pela qual a população do planeta vinha decaindo. Assim, a natureza tratou de impor uma regra entre os habitantes: não existia amor entre casais. Era preciso que a espécie procurasse se preservar e se multiplicar e, para isso, os casais com relacionamentos duradouros, baseados no amor, não eram eficientes. Quanto mais parceiros as pessoas tivessem, maiores eram chances de fertilidade. O amor, nessas condições, só atrapalharia. Por isso, os habitantes desse planeta viviam freqüentando grandes eventos sociais para que pudessem se conhecer e tentar relacionamentos rápidos, casuais e quem sabe, férteis. Por séculos e séculos, o amor foi sendo oprimido, até que não restasse mais nada dele. Só sexo. Havia um herói nesse planeta. Ele era herói porque ganhava todas as competições esportivas que eram frequentemente promovidas. Como herói, era muito admirado e querido. Acontece que esse nosso herói apresentou uma fraqueza, certa vez. Ele conheceu uma linda moça e ambos se apaixonaram. Uma paixão louca, desmedida, intensa e definitiva. Começaram a ficar juntos o tempo todo e isso chamou muito a atenção dos demais. Logo todos perceberam que estavam apaixonados, o que provocou desconforto, críticas, raiva, indignação.A ponto de o jovem casal ser perseguido, xingado e maltratado. Eles suportaram a tudo em nome do amor. Até não agüentar mais. E sumiram. Nunca mais foram vistos e há quem diga, naquele planeta, que eles se suicidaram em nome do amor. Mas há aqueles que conhecem a verdade. Que viram o jovem casal, vivendo na floresta, pacifica e amorosamente.
E rodeado de filhos.
domingo, 21 de novembro de 2010
I Sarau Fantástico!
No Sábado dia 27/11, às 17hs, no Clube Hebraica (sócios e não sócios).
Para chegar, clique neste MAPA.
São Miguel foi D+!
Jantares ébrios & poesia
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Quando perguntaram sobre minha fruta favorita,
tirei essa da manga.
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Porque ela te marca,
te mancha de amarelo
(a saia, o chão e a sandalha) e
ainda deixa fiapos nos dentes.
Pra escapar de chupar,
só mesmo rasgando a casca
com os dentes e,
de qualquer jeito,
seu suco escorre pela boca.
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Em suma, não se escapa ileso
Como infância
e a perda da inocência.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
domingo, 14 de novembro de 2010
Balada Literária chegando!
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Evento Literário NOTA 10 na Zona Leste!
Pelo quinto ano consecutivo, a Fundação Tide Setubal realizará evento de estímulo à leitura
A novidade em 2010 é que o Festival não se restringirá ao CDC, mas também estará nas ruas, praças, paradas de ônibus, biblioteca, mercado municipal e estação de trem do bairro. Serão os Corredores de Livros, conceito inspirado nos corredores de ônibus que seguem itinerários mais livres para se livrar do tormento dos engarrafamentos urbanos. As atividades serão realizadas nos dias 18 e 19 de novembro, das 9h às 22h e no dia 20 de novembro, das 9h às 17h. A programação completa está AQUI NESTE LINK.
Das 17h às 19h – O Processo Criativo do Escritor, com Deborah Goldemberg (antropóloga e curadora do Sarau das Poéticas Indígenas na Casa das Rosas) e Leusa Araújo (jornalista e autora das obras Náufragos Emergentes – Seis Histórias Ordinárias, 2010, Ordem, Sem Lugar, Sem Rir, Sem Falar, 2010, entre outras)
Mediação: Roberto Amado (escritor. Jornalista e diretor da Canopus)
Lançamento de Micheliny
Uivo
uma dor perdida
e latejo
num vasto espaço
que a cartografia da noite
diz ser a região dos silêncios.
.
Uivo.
.
Neblina.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
O dia seguinte...
....Ok, não dá para ficar quieta. É dia 1 de Novembro, todo mundo sabe o que aconteceu ontem. Só um copo de vinho mais cedo do que o usual para elevar o meu estado de espírito ou, ao menos, me levar até o teclado do computador. Não, eu não votei com convicção...
....Minha candidata no primeiro turno foi Marina Silva e, depois disso, passei o mês tentando me decidir em quem votar. Nunca fui petista e nem psdbista. Tentei, primeiramente, minimizar a emoção...o fato de Dilma ter se tornado a mímese de Lula, adquirido seus gestos e até um sotaque esporadicamente nordestino, sendo que ela é mineira e viveu boa parte da vida no Rio Grande do Sul...também, a arrogância nata de Serra e sua convicção absoluta de que ele é o melhor gestor da Terra e que isso o entitula a votos (esquecendo-se que ser Presidente não é o mesmo que síndico). Enfim, busquei votar de forma objetiva, focando no que eu acho que seria melhor para o Brasil.
....Foi triste. Sim, eu respeito a política social de Lula, apesar de considerá-la um passo intermediário. Resolver o problema da miséria absoluta é um primeiro grande passo para remover uma parte dessas pessoas da condição de dependentes do governo. No mais, acho que o Brasil foi muito bem durante esses 8 anos APESAR do governo Lula. Ou seja, o governo petista não interviu no mercado, a economia fluía bem e, precisamente por isso, a coisa foi bem. É o neo-liberalismo petista.
....O meu coração dói ao pensar que o Centro-oeste está se tornando o celeiro da China e o Brasil voltou a ocupar a ser um exportador de matéria prima (soja e outros grãos), em detrimento das florestas. Apesar dos avanços educacionais e tecnológicos das últimas décadas, nossa vantagem comparativa no mundo volta a ser termos terras férteis em abundância. O pré-sal, quem sabe, nos ajudará a sobreviver APESAR disso. O Governo Lula é sortudo. Deu certo APESAR do que não fez, APESAR de inchar o Estado brasileiro com seus militantes corporativistas e preconceituosos, APESAR de achar que os meios justificam os fins e praticar uma corrupção vergonhosa que é aceita por muitos “porque todo mundo faz”...enfim, a tragédia ética do PT é notória, acho que não preciso revivê-la aqui.
....Talvez porque Dilma ganhou as eleições é que eu estou mais sensível a ouvir exaltações de que elegemos a “primeira mulher presidente do Brasil” Ela não é mais do que Cristina Kirschner, a neo-Evita da Argentina. A eleição de Dilma, no que diz respeito à questão de gênero, reforça o fato de na América Latina as mulheres só se elegerem para cargos importantes quando são esposas ou filhas de algum político famoso. As capas dos jornais hoje anunciam a “Dilma eleita, vitória de Lula” – a triste verdade é esta.
....Outra coisa insuportável é ouvir dizer que Dilma é de esquerda e Serra é de direita. Fico me lembrando da minha viagem recente ao Maranhão, o Estado mais pobre do Brasil, e os outdoors espalhados por São Luis com imagens de Dilma abraçada a Roseana Sarney, ícone do coronelismo. O debate sobre privatização, epítome de esquerdismo e direitismo que deu-se durante as eleições, foi simplesmente idiota. Nem o PT e nem o PSDB deixaram de privatizar nas suas gestões. Após a queda do muro de Berlin, já passados vinte anos, não existe mais a opção de não privatizar alguns setores da economia. O que existe é a opção de privatizar alguns setores e outros não, de acordo com sua importância estratégica e o interesse do setor privado, além das diversas formas de privatização (concessões, PPS, etc.). Mas, claro, isso foi dado como complexo demais para se discutir com o povo brasileiro. Os vários debates televisionados focaram na questão: “eles privatizam e nós não”. Somos burros, é o que eles queriam nos dizer.
....Eu votei em Serra sem convicção, mas votei. Não gosto da personalidade dele e achei sua campanha fraca, obtusa e pouco ousada. Votar nele significou para mim expressar que eu não acho “engraçadinha” a corrupção petista e que eu não acho legal votar num fantoche de outra pessoa. Serra, por bem ou por mal, tem uma trajetória política eleitoral própria. Pela primeira vez, me solidarizei com a figura Fernando Henrique Cardoso, oculta da na proposta do PSDB. Concordo com ele que Lula foi e continua sendo infantil ao insistir em falar de “herança maldita”. Sua era ficou marcada pelo impacto social negativo, mas um país endividado após décadas de esbanjamento desenvolvimentista não tinha alterantiva. Nenhum outro país na América Latina fez diferente (exceto Cuba) e os países que se recusaram a adotar as medidas impostas pelo FMI na década de 90, como a Guiné na Africa (alguém já ouviu falar? pois é...), estão entre os mais pobres do mundo hoje, com um índice de mortalidade infantil vinte vezes maior do que o Brasil, por exemplo.
....Finalmente, sobre Marina Silva. Me decepcionei. Votei nela com entusiasmo no primeiro turno, mas acho que sua opção pela “neutralidade” (isso existe?) foi indicativa de personalismo e falta de visão política ou falta de disposição para arriscar-se e tornar-se relevante politicamente. No fundo, sua campanha ficou como um louvor à sua figura e ela absteve-se da difícil decisão que eu e tantos outros brasileiros tiveram que enfrentar ontem na urna: se eu sou uma pessoa que valoriza a ética e o desenvolvimento sustentável, em quem eu devo votar: Dilma ou Serra? Marina se absteve de nos inspirar com o conhecimento interno do PT e PV/PSDB que ela tinha. Marina me decepcionou.
....Enfim, vou tomar mais um vinho para afogar as mágoas de ter votado em quem eu não acreditava e ter que viver quatro anos com Dilma no poder...ao menos, não sou uma alienada comemorando na Paulista a vitória do fantoche.
....Amanhã, vou me embebedar novamente para esquecer o quanto a minha geração AINDA é tão irrelevante na política brasileira. Não conseguimos ter um candidato em quem acreditarmos. Somos ainda sombra e massa de manobra das decisões da geração de 70, a qual Dilma e Serra pertencem.
Na India, tudo é possível!
não há regras, apenas intuição e criatividade.
Carrega-se filhos, botijões de gás a capacetes na garupa das motos.
Nas estradas, há caminhões na contramão, búfalos, pedestres, gente tomando banho de mangueira, camelos e tricicletas.
Por isso é que os portugueses nem desconfiaram de nada quando, errôneamente, chegaram ao Brasil há 500 anos!
Para ver as fotos, clique aqui.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Ressurgência em Frankfurt
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Fiesta Kartonera, Livro Sakana!
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Happening Literário
Na poesia, qual é a sua?
Quem quiser conhecer um pouco mais da produção contemporânea de literatura, vale colar neste evento na Terça-feira.
Pretendo apresentar um trabalho inédito, uma crônica-sketch do movimento do meu livrinho kantonero "Sakana", a ser lançado em breve.
domingo, 26 de setembro de 2010
São Luis do Maranhão
domingo, 12 de setembro de 2010
Encontro em Rio Grande
.....O evento contou com a participação de cerca de 200 alunos de Letras, de várias faculdades do RS, que nos instigaram durante 2 horas a falar sobre o impacto da cultura de massas na nossa obra, o papel dos blogs, dos editores, narradores e como lidamos com a alteridade; perguntas que me fizeram refletir e, a partir das respostas dos colegas, aprender muito.
.....Destaque para duas iniciativas muito bacanas dos estudantes. Primeiro, que o evento foi traduzido para libras, pois havia um aluno surdo. Foi a primeira vez que participei de um evento que teve este cuidado. Segundo, a participação das "meninas livros", uma intervenção artística organizada pelo pessoal de Artes Plásticas da FURG. Super original, parabéns!
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Eleições 2010, vamos discutir?
.....Minha candidata já está definida desde o início da corrida presidencial, é Marina Silva, por questão de identificação com o seu pensamento sobre desenvolvimento sustentável e a dignidade da sua figura. Acompanhei sua luta no Ministério do Meio Ambiente e sei (por vivência) o quanto os processos de licenciamento se prostituiram desde que ela saiu do Ministério. No entanto, sabe-se que ela dificilmente chegará ao segundo turno, numa eleição que mais parece um plebiscito sobre a permanência do governo atual.
.....Minha inspiração para o engajamento no debate deu-se ontem, ao assistir o Roda Viva com Demétrio Magnólio, que é um cientista social, especialista em geografia política. Não concordo com tudo o que ele diz, particularmente em relação a questão racial, mas posso dizer que tive uma aula sobre democracia, que clareou e refrescou diversas idéias na minha cabeça. O programa está disponível online.
.....Magnólio colocou muito bem o porquê da popularidade de Lula ser imune à qualquer crise política. Ao invés de se render à dita "mágica" de personalidade, ele vê que o governo Lula conta com condições econômicas favoráveis e apostou em programas de transferência de renda (Bolsa Família), além de aumentar o salário mínimo significativamente. Sendo assim, conseguiu (por mérito) beneficiar a maior parcela da população, que vota no governo pelas melhorias concretas que tiveram em suas vidas. A "mágica" de Lula, na verdade, diz respeito ao momento histórico que está instalado, que é economico, político e social.
.....Em relação às crises éticas do mensalão, do caseiro e, agora, da quebra do sigilo bancários, coisa que ele vê como seríssima, criminal, e sintoma do Estado Brasileiro estar sendo controlado por um grupo político perigoso (não um partido, mas pessoas de vários partidos, empresários e mafiosos), ele diz que isso não abala o eleitor, porque ele está acostumado a ver esses tipos de crise darem em "pizza". Talvez, não acreditem que outros partidos não fariam coisas parecidas. Triste, mas confesso que também me sinto amortecida em relação a isso. Sinceramente, não espero uma conduta moral dos nossos governantes...em relação ao PT, em particular, conheço bem a postura de "os meios justificam os fins" que seus militantes adotam.
.....Quando Marília Gabriela perguntou porque os artistas e intelectuais do país não se manifestam em relação a tudo isso, Magnólio disse que a maioria dessas pessoas eram petistas e têm medo até hoje de se manifestarem contra o PT e serem associadas com a direita. Os intelectuais tem uma preocupação grande com como vão ser lembrados no futuro. Ou seja, apegam-se à noção nostálgica do PT que um dia foi um partido popular e, assim, não ousam ter visão crítica sobre o que restou dele e está hoje no poder.
.....Na visão de Magnólio, o problema se aprofunda na medida em que a oposição não conseguiu fazer o seu papel, frustrando o seu eleitor e o processo democrático como um todo. Ele diz que o PSDB (pouco disse do PV e outros) se acanhou e rejeitou a sua história, adotando nesta eleição uma atitude bolada por "marketeiros", de não se contrapor ao governo com altos índices de popularidade. Entrou na eleição com estratégia para vencer as eleições, ao invés de cumprir o seu papel de oposição, alimentando o debate de idéias para o Brasil.
.....Claramente, a proposta do PSDB é diferente da do PT em relação à estatização da economia, por exemplo. O PSDB é mais (neo)liberal, acredita na privatização de diversos setores da economia, mas tem medo de dizer isso abertamente. Se acua, se esconde, e assim, comete suicidio político, porque fica sem rosto. Tanto Serra quanto Alckimin acabam sempre defendendo suas candidaturas em termos de serem bons gestores, como se Presidente ou Governador fossem cargos gerenciais, quando são cargos políticos. As burocracias estão cheias de gestores, o que se espera de um líder é direcionamento político.
.....Vou dizer para vocês que eu sempre tive uma grande implicância com o Fernando Henrique Cardoso, porque acho-o infinitamente vaidoso e sem auto-crítica alguma. No entanto, frente às manifestações anti-FHC na FLIP (que eu achei ridículas, afinal, tantos participam do evento, porque não ele?) e essa falta de coragem do PSBD assumir a sua história, com seus erros e acertos, penso que FHC está sendo injustamente afastado da imagem do partido. A década em que ele governou tinha outro contexto e, dentro dele, apesar de cometer muitos erros, ele fez uma parte do que era importante fazer.
.....Enfim, Demétrio me fez lembrar que democracia, no seu verdadeiro sentido, é um sistema que parte do confronto de idéias sobre os rumos de um país. Sem diversidade de idéias não há democracia. Sem renovação no governo, não há democracia (a re-eleição, neste sentido, é sempre perversa). Encaramos as eleições com um olhar pragmático, porque nada nos inspira. Nenhuma idéia nova aparece. Sendo assim, claro, é melhor ficar tudo como está. É triste. Nossa democracia padeçe na mesmiçe, na descrença, no tédio, na exaustão...
.....Por esta razão, agora que me inspirei, vou tentar escrever mais sobre as eleições. Votarei em Marina, porque ela inclusive está prestando o serviço de levantar uma bandeira clara, uma idéia nova, que é a de um Brasil sustentável. Vamos discutir?