Anarquismo Vivo?

.....Acabo de passar o dia na USP e nunca deixa de impressionar a diversidade de movimentos políticos que lá se encontram. Ao caminhar por cima da ponte da cidade universitária deparei-me como o dizer: "Abaixo ao Revisionismo! Viva o Maoismo!" Olha que eu já não duvidava de quase nada, mas quando eu vi isso eu me surpreendi. O que é que tem a ver Maoismo com o Brasil? Acho que nem na China ele tem mais a ver com nada...

.....Mais adiante, no prédio da História, vi esse inscrito nas paredes já descascadas na faculdade: "Por uma USP sem reitoria!!!" - imagine isso? O lugar já não tem banheiro direito, quase tudo cai aos pedaços, imagine como seria o lugar sem reitoria? Creio que é o movimento anarquista que há ali, particularmente entre os funcionários da USP, essa curiosa classe que, por conviver com professores e alunos, acaba lendo uma coisa ou outra, mas nunca chegam a compreender direito o sentido das coisas!

.....Enquanto lia a tese de doutorado que fui lá ler, fiquei sobre-ouvindo o papo destes grandes revolucionários brasileiros. No período da manhã, fizeram as mais altas intrigas sobre a diretora deles aos berros e desabafos. Na hora do almoço e mais uns quebrados, ficaram na internet. A tarde, quando a diretora chegou, foi a hora do teatrinho, pois todos mostraram-se absolutamente amáveis e cooperativos com a tal senhora. O dia todo regado à cafézinho, distribuindo servilmente pelas faxineiras uniformizadas tercerizadas.

.....Eu até pensei em escrever uma crônica sobre isso, mas o tema é tão batido que eu resolvi não perder tempo com isso...

Dubuffet

Visita ao Instituto Tomie Ohtake: ponto alto do fmde!

Um Simples Artigo Acadêmico

Recebi hoje um e-mail que eu adorei, do colega Olivio Jekupé, falando sobre o artigo que publiquei recentemente na revista científica Espaço Ameríndios, da UFRGS, chamado: A Concepção do I Sarau das Poéticas Indígenas por uma Antropóloga-escritora. (para ler, é só clicar e baixar em PDF)

Olivio disse-me assim: "li ontem o trabalho que você escreveu sobre o primeiro encontro de sarau, muito bem trabalhado, pois parecia do jeito que eu escrevo, dum jeito simples, em que todos ao lerem se sente feliz e facil de entender, não é escrito daquele jeito que não é entendido, parabéns..."

É o melhor tipo de elogio que eu poderia receber!

*

Aproveito para falar de outro comentário que recebi sobre o artigo, de uma colega que fiz na blogosfera, a professora de literatura indígena Rubelise da Cunha, que anda lá pelas terras frias do Canadá, fazendo estudos comparativos.

Rubelise escreveu: "Suas idéias me tocaram profundamente, do início ao final do artigo. Inicialmente, porque defines algo que ressoa muito forte dentro de mim - a paixão necessária para trabalhar-se com literatura, com cultura, seja como artista, ou como acadêmico. Também só consigo pesquisar e escrever sobre aquilo que faz meu coração bater mais forte, e entro em profunda crise quando observo a esterilidade e o conservadorismo que ainda aprisiona muitos meios acadêmicos. A outra questão que destaco é a forma como abordaste a presença da literatura associada a outros níveis de pensamento dos povos indígenas, como parte de uma cosmovisão, assim como acontecia com os gregos."

Compartilhar a emoção das idéias com pessoas como Rubelise é um dos grandes prazeres de escrever artigos!

*

VIVA a corrente do bem que iniciou-se com o I Sarau das Poéticas Indígenas!

Animal Interior

Presto meu apoio à campanha da Érica Zingano em defesa dos animais! Quem quiser descobrir o animal que habita o seu íntimo, faça o teste do espelho: 7 segundos em frente do espelho e envie para ela, que é Sócia-Presidente da Sociedade Anónima dos Amigos dos Animais (SAAA)! O meu favorito é essa acima: o Nicolau em pose séria para o trabalho parecendo a coruja!

Obra de Amber Past

Ganhei uns livrinhos lindos da Taller Leñateros ontem de Amber Past. Os títulos são o máximo: Truque para Matar ao Homen Infiel (adorei este!), Truques de Amor e Feitiço para Viver Muitos Anos! Eles contém textos traduzidos de tsotsil (originais de Manwela Kokorochi) para o espanhol por Amber. Três gostinhos, um de cada livro, na ordem:

Que empiece

Un viento

En su

Corazón

Que apague

Su vela.

*

Ya hablé

Con tu cabeza.

Ya hablé

Con tus huesos.

Te llamé ya

Con mi boca.

*

Préstame

Tus diez máscaras

Para alargar

Mis años

Adentro del corral

Taller Leñateros

.....Os acasos da vida...no Sábado à noite, eu acabei indo (de penetra) na festa do pessoal da FLAP e eis que na cozinha apareceu uma senhora muito linda, com uma trança grisalha escorregando pelas costas abaixo. Sabia que ela devia ser uma das poetas latinoamericanas participando do evento, começamos a conversar, eu perguntei a ela o que ela estava achando do Brasil (a pergunta inevitável) e ela me disse: "Não sei, não me relaciono bem com cidades, queria mesmo era conhecer o Brasil rural." Claro que eu me identifiquei na hora com o sentimento dela. Tantas vezes, quando viajando pelo mundo a fora, encontrava-me ilhada numa área de concreto e louca para pegar uma estrada.

.....Sei que conversa vai e conversa vem, descubro que a senhora é Amber Past, uma poeta mexicana que vive em Chiapas e é editora de uma iniciativa absolutamente fascinante chamada Taller Leñateros. Trata-se de uma oficina comunitária de literatura, composta por mulheres Maia, que vivem todo o processo literário num coletivo, desde a fabricação dos papéis, ilustrações, transposição da história oral para o papel etc. A editora tem grande sucesso nos Estados Unidos, para onde exporta os livros, que são vendidos a custos altos, dado o valor artesanal do produto.

.....Estou tentando que Amber passe alguns dias na Aldeia Gurarni Krukutu, junto como escritor indígena Olivio Jekupé, um grande parceiro. Espero que dê certo, pois estou certa de que será um intercâmbio muito rico.

Oca das Letras

Acabo de descobrir, por indicação de Olivio Jekupe, a revista cultural eletrônica Oca das Letras que está na sua 3a Edição e traz uma exposição virtual de fotos fantástica da fotógrafa Ana Mokarzel (autora da foto acima). Eles acabam de abrir inscrições para um prêmio de poesia Ibero Americana Sepé Tiarajú, grande líder indígena.

Minha cidade

Vida de escritora têm várias curiosidades. Ontem à tarde, eu e Nicolau fomos visitar o Pico do Jaraguá, como parte da pesquisa para o meu romance. É sempre impressionante ver a natureza carcomida pela cidade, particularmente quando se está situado num montinho de verde.

Encafifado

...sabe quando estamos com o olhar fixo em alguma coisa???