sábado, 5 de setembro de 2009

Bolsa de Mulher

Achei numa bolsa esquecida num canto o poema do Ivan Antunes que eu li no dia da homenagem que fizeram para ele no Clube Villagio. Curiosamente, fazem alguns dias, a sua bela namorada me disse que após a minha leitura naquela noite (e após eu ter ido embora também), eu foi escolhida como melhor declamadora da noite! Pena que eu não fiquei para os prêmios!
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Sem Título
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o homem fuma,
ao pé do ouvido
uma formiga anota a formação do formigueiro
algumas fumam
por dentro do homem
circulam centenas
algumas correm
da cavidade auditiva ao infinito
folhas de ouro esverdeadas são contrabandeadas
nas cabeças das trabalhadoras
à luz do dia
caminhos desconhecidos
do corpo fundo
à luz da noite
sinais inexistem das antenas
única bebida: sangue
experimentar do verde
estocar as folhas em carne humana qualquer
eram cigarros acesos
formigações pelo corpo fechado e
milhares de formigas
desesperadas com a patrulha médica
e os tabefes enlouqecidos
das mãos do homem.

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