Gostaria de dedicar o post de hoje à maturidade, esta coisa tão rejeitada e ao mesmo tempo tão maravilhosa.
Nosso país culta a juventude, isso sabe-se bem. E ela é, de fato, bela e repleta de tanta energia que mal nos deixa pensar. Eufóricos com sua eletricidade vivemos. Ao menos eu vivi, absolutamente sem freios.
Daí vem a idade Balzaquiana, os trinta, e ficamos assustadas, mas eis que nada acontece! Talvez por estarmos alertas à passagem da década esforçamo-nos por ser ainda mais vinte do que trinta e, acreditem, isso é possível. Continuamos jovens!!! Pois assim o queremos. Quem vai nos impedir?
Os 33 são mais singelos. Chegam assim como nem querem nada...não são nem trinta e nem trinta e cinco e, de repente, CRAU! Te pegam. A transformação dá-se. Borboleta fora do casulo. Em geral, ela é bem radical. Vem acompanhada de grandes reviravoltas no trabalho e nas relações pessoais, início ou término de terapia, gravidez ou casa nova até que...um belo dia...você se percebe - madura.
Madura como uma maça bem linda, com a rendondez mais redonda do mundo e vermelhíssima, como sempre foi a sua vocação. Algumas ruginhas, é verdade, mas eis que elas são até tem o seu charme.
Dou-me conta disso em mim quando converso com as pessoas, particularmente minhas colegas de trabalho. Elas falam e eu ouço. Ouço mesmo, sem sacanagem. Não fico pensando no que vou falar assim que ela acabar, se ela é mais inteligente do que eu, se ela se veste estranho ou se hoje vou almoçar no sushi. Eu ouço o que ela diz, porque sei que ela tem algo a dizer. Não tenho ansiedade. O que quer que ela diga, eu tenho a sensação que será para o bem. Isso porque eu a conheço, eu me conheço e eu conheço o porquê de eu hoje estar ali sentada ao lado dela. É a maturidade. Eu sorrio.
Outra coisa engraçada é perceber nas colegas mais jovens o meu comportamento antigo. Algumas coisas são fabulosas, como o entusiasmo. Outras, dou-me conta de como é bom ter avançado no tempo. Elas dizem tantas coisas só para provar que sabem e elas querem tanto impressionar! É bonito, eu não acho feio. Eu sorrio. Algumas vezes sei que já é minha hora de falar, mas elas ainda continuam fazendo-o, então eu ouço-as mais. Se minha vez não chega nunca, eu não falo e tudo bem. Não sinto mais tamanha necessidade de ocupar espaço. Como sei o que eu faço ali e o que ela faz ali, sei que em algum ponto a coisa vai dar certo. Aproveito para curtir essas descobertas da vida.
A maturidade é a ansiedade que se esvai de nós a cada dia, assim como a humidade de nossa pele. Ela é benvinda.
Um comentário:
Conhece o meu blogue
http://trans-ferir.blogspot.com ?
É (mais que) giro... Visite, siga-o!
Vitor O. Jorge
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