Estou lendo A Revolução Burguesa no Brasil, de Florestan Fernandes, em preparação ao meu primeiro romance, que planejo começar a escrever ainda em 2008.
Há um trecho que diz, "nenhuma revolução sepulta todo o passado de um povo." Pode nem ser algo novo o que Florestan encapsulou nesta frase, pois todos sabemos que nem a Revolução Russa conseguiu, por exemplo, sepultar o êxtase religioso do povo russo, ao contrário o fanatismo religioso anda em ascenção por lá. Tantos filmes maravilhosos há sobre este tema no âmbito da Revolucão Cultural da China. Florestan falava especificamente das limitações da revolução causada pela Independência do Brasil, frente à dinâmica social enraizada na nossa sociedade, particularmente a escravidão, mesmo após a declaração e ainda no Século XX...
Mas, quando li esta frase, o que me tocou foi pensá-la no âmbito das revoluções pessoais. Sou daquelas que acredita em mudanças e penso já tê-las vivido de forma significativa. Falo de mudanças em relação ao que sinto sobre pessoas, lugares e idéias. No entanto, é profundo pensar em como é determinante o nosso passado...
É um pouco assim como pintar a parede de verde, mas não conseguir esquecer que foi ela a testemunha de suas brigas de casal. Ou forrar o sofá de amarelo, sabendo que foi ele mesmo que acolchoou a traição. Ou jogar fora o vestido que te deu azar naquela audição, sabendo que o corpo, mesmo envolto em outro pano, há de permanecer. Radicalizando, muda-se então de casa e guarda-roupas completo! De cidade e de país!!! Mas, há de haver sempre aquilo que está dentro de nós e não se transforma plenamente. "Nenhuma revolução sepulta todo o passado de um indivíduo."
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