segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Roberto Amado: o último escritor romântico da Década de 70!

Talvez seja porque o nome dele já fala de amor, que ele se debruçe a este tema de forma tão integral. No I Sarau Fantástico de A Hebraica, o escritor Roberto Amado dedicou seu primeiro texto à sua amada Maria e arrematou com outro belíssimo, dedicao aos amigos Deborah e Nicolau. Com os agradecimentos e a esperança de que o seu amor por Maria, nós e a humanidade, só cresca!

...

Num planeta muito distante, havia vida como há aqui. Com seres muito parecidos fisicamente com nós, os seres humanos. Da mesma forma que nós, eles se alimentavam, dormiam, ficavam felizes ou tristes. Mas havia uma diferença fundamental. Por motivos confusos, pouco explicados, os seres deste planeta tinham muita dificuldade de se reproduzir. Era baixíssimo o índice de fertilidade. E isso ocorria há muito tempo, razão pela qual a população do planeta vinha decaindo. Assim, a natureza tratou de impor uma regra entre os habitantes: não existia amor entre casais. Era preciso que a espécie procurasse se preservar e se multiplicar e, para isso, os casais com relacionamentos duradouros, baseados no amor, não eram eficientes. Quanto mais parceiros as pessoas tivessem, maiores eram chances de fertilidade. O amor, nessas condições, só atrapalharia. Por isso, os habitantes desse planeta viviam freqüentando grandes eventos sociais para que pudessem se conhecer e tentar relacionamentos rápidos, casuais e quem sabe, férteis. Por séculos e séculos, o amor foi sendo oprimido, até que não restasse mais nada dele. Só sexo. Havia um herói nesse planeta. Ele era herói porque ganhava todas as competições esportivas que eram frequentemente promovidas. Como herói, era muito admirado e querido. Acontece que esse nosso herói apresentou uma fraqueza, certa vez. Ele conheceu uma linda moça e ambos se apaixonaram. Uma paixão louca, desmedida, intensa e definitiva. Começaram a ficar juntos o tempo todo e isso chamou muito a atenção dos demais. Logo todos perceberam que estavam apaixonados, o que provocou desconforto, críticas, raiva, indignação.A ponto de o jovem casal ser perseguido, xingado e maltratado. Eles suportaram a tudo em nome do amor. Até não agüentar mais. E sumiram. Nunca mais foram vistos e há quem diga, naquele planeta, que eles se suicidaram em nome do amor. Mas há aqueles que conhecem a verdade. Que viram o jovem casal, vivendo na floresta, pacifica e amorosamente.

E rodeado de filhos.

domingo, 21 de novembro de 2010

I Sarau Fantástico!

Com presença de Ana Rusche, Rui Mascarenhas, Analu Andriguetti, Victor Meira, Caco Pontes, Roberto Amado e Raquel Naveira, o evento será verdadeiramente fantástico! Quem quiser se aventurar no palco, é só deixar um post aqui no blog.
No Sábado dia 27/11, às 17hs, no Clube Hebraica (sócios e não sócios).
Para chegar, clique neste MAPA.

São Miguel foi D+!

Imagem do evento que rolou na Praça do Forró, em São Miguel Paulista, sobre O Processo Criativo do Escritor. Acima, Roberto Amado em ação, falando para a criançada.
Autores reunidos: eu, Roberto Amado e Leusa Araujó, que fomos a São Miguel para participar de evento literário que agitou a cidade. Adorei!No mesmo evento, Fernando Dourado e Didi Monteiro lançaram a terceira edição da Revista Ounão, que faz o intercâmbio entre artistas da Zona Oeste e Zona Leste. É uma iniciativa louvável e executada com a melhor qualidade! Estreei minha coluna sobre arte e política desta edição! Confiram em www.revistaounao.com.br

Jantares ébrios & poesia

Trepada na mangueira (para Rê Forato)
.
Quando perguntaram sobre minha fruta favorita,
tirei essa da manga.
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Porque ela te marca,
te mancha de amarelo
(a saia, o chão e a sandalha) e
ainda deixa fiapos nos dentes.
Pra escapar de chupar,
só mesmo rasgando a casca
com os dentes e,
de qualquer jeito,
seu suco escorre pela boca.
.
Em suma, não se escapa ileso
Como infância
e a perda da inocência.

domingo, 14 de novembro de 2010

Balada Literária chegando!

A Balada Literária de 2010 está chegando e é sempre uma bela oportunidade de ver, sentir e ouvir literatura contemporânea, conhecer novos autores, fazer novos amigos. Este ano, vou dedicar meu dia 18 de Novembro (quinta-feira) à noite de autógrafos no b_arco. Vou (finalmente!) conhecer pessoalmente o poeta candango Nicolas Behr, que lança em sólo paulistano o seu: Brasiliada.
...também, vou dar um abraço bem forte na querida Analu Andriguetti, que eu conheci faz um (ou dois?) anos na própria balada e, na mesma noite, um pouco mais tarde, vai lançar o seu primeiro livro de poesia! Parabéns, Analu.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Evento Literário NOTA 10 na Zona Leste!

Pelo quinto ano consecutivo, a Fundação Tide Setubal realizará evento de estímulo à leitura em São Miguel. Na edição de 2009, cerca de quatro mil pessoas participaram de encontros com escritores, contadores de histórias, poetas, além de debates temáticos, produção de textos coletivos, compra e troca de livros, ao longo dos três dias do evento no CDC Tide Setubal.

A novidade em 2010 é que o Festival não se restringirá ao CDC, mas também estará nas ruas, praças, paradas de ônibus, biblioteca, mercado municipal e estação de trem do bairro. Serão os Corredores de Livros, conceito inspirado nos corredores de ônibus que seguem itinerários mais livres para se livrar do tormento dos engarrafamentos urbanos. As atividades serão realizadas nos dias 18 e 19 de novembro, das 9h às 22h e no dia 20 de novembro, das 9h às 17h. A programação completa está AQUI NESTE LINK.

Vou participar da Conversa com o Autor (dia 19 de Novembro)

Das 17h às 19h – O Processo Criativo do Escritor, com Deborah Goldemberg (antropóloga e curadora do Sarau das Poéticas Indígenas na Casa das Rosas) e Leusa Araújo (jornalista e autora das obras Náufragos Emergentes – Seis Histórias Ordinárias, 2010, Ordem, Sem Lugar, Sem Rir, Sem Falar, 2010, entre outras)
Mediação: Roberto Amado (escritor. Jornalista e diretor da Canopus)

Lançamento de Micheliny

Eu gosto muito da poesia de Micheliny Verunschk, que lançou livro novo este Sábado (sinto pelo atraso em postar isso!). Vale a pena visitar o site da Editora Lumme, que dispõe vários e-books de poesia gratutitos. Para arrematar, o primeiro poema do livro:
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Uivo
uma dor perdida
e latejo
num vasto espaço
que a cartografia da noite
diz ser a região dos silêncios.
.
Uivo.
.
Neblina.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O dia seguinte...

....Ok, não dá para ficar quieta. É dia 1 de Novembro, todo mundo sabe o que aconteceu ontem. Só um copo de vinho mais cedo do que o usual para elevar o meu estado de espírito ou, ao menos, me levar até o teclado do computador. Não, eu não votei com convicção...

....Minha candidata no primeiro turno foi Marina Silva e, depois disso, passei o mês tentando me decidir em quem votar. Nunca fui petista e nem psdbista. Tentei, primeiramente, minimizar a emoção...o fato de Dilma ter se tornado a mímese de Lula, adquirido seus gestos e até um sotaque esporadicamente nordestino, sendo que ela é mineira e viveu boa parte da vida no Rio Grande do Sul...também, a arrogância nata de Serra e sua convicção absoluta de que ele é o melhor gestor da Terra e que isso o entitula a votos (esquecendo-se que ser Presidente não é o mesmo que síndico). Enfim, busquei votar de forma objetiva, focando no que eu acho que seria melhor para o Brasil.

....Foi triste. Sim, eu respeito a política social de Lula, apesar de considerá-la um passo intermediário. Resolver o problema da miséria absoluta é um primeiro grande passo para remover uma parte dessas pessoas da condição de dependentes do governo. No mais, acho que o Brasil foi muito bem durante esses 8 anos APESAR do governo Lula. Ou seja, o governo petista não interviu no mercado, a economia fluía bem e, precisamente por isso, a coisa foi bem. É o neo-liberalismo petista.

....O meu coração dói ao pensar que o Centro-oeste está se tornando o celeiro da China e o Brasil voltou a ocupar a ser um exportador de matéria prima (soja e outros grãos), em detrimento das florestas. Apesar dos avanços educacionais e tecnológicos das últimas décadas, nossa vantagem comparativa no mundo volta a ser termos terras férteis em abundância. O pré-sal, quem sabe, nos ajudará a sobreviver APESAR disso. O Governo Lula é sortudo. Deu certo APESAR do que não fez, APESAR de inchar o Estado brasileiro com seus militantes corporativistas e preconceituosos, APESAR de achar que os meios justificam os fins e praticar uma corrupção vergonhosa que é aceita por muitos “porque todo mundo faz”...enfim, a tragédia ética do PT é notória, acho que não preciso revivê-la aqui.

....Talvez porque Dilma ganhou as eleições é que eu estou mais sensível a ouvir exaltações de que elegemos a “primeira mulher presidente do Brasil” Ela não é mais do que Cristina Kirschner, a neo-Evita da Argentina. A eleição de Dilma, no que diz respeito à questão de gênero, reforça o fato de na América Latina as mulheres só se elegerem para cargos importantes quando são esposas ou filhas de algum político famoso. As capas dos jornais hoje anunciam a “Dilma eleita, vitória de Lula” – a triste verdade é esta.

....Outra coisa insuportável é ouvir dizer que Dilma é de esquerda e Serra é de direita. Fico me lembrando da minha viagem recente ao Maranhão, o Estado mais pobre do Brasil, e os outdoors espalhados por São Luis com imagens de Dilma abraçada a Roseana Sarney, ícone do coronelismo. O debate sobre privatização, epítome de esquerdismo e direitismo que deu-se durante as eleições, foi simplesmente idiota. Nem o PT e nem o PSDB deixaram de privatizar nas suas gestões. Após a queda do muro de Berlin, já passados vinte anos, não existe mais a opção de não privatizar alguns setores da economia. O que existe é a opção de privatizar alguns setores e outros não, de acordo com sua importância estratégica e o interesse do setor privado, além das diversas formas de privatização (concessões, PPS, etc.). Mas, claro, isso foi dado como complexo demais para se discutir com o povo brasileiro. Os vários debates televisionados focaram na questão: “eles privatizam e nós não”. Somos burros, é o que eles queriam nos dizer.

....Eu votei em Serra sem convicção, mas votei. Não gosto da personalidade dele e achei sua campanha fraca, obtusa e pouco ousada. Votar nele significou para mim expressar que eu não acho “engraçadinha” a corrupção petista e que eu não acho legal votar num fantoche de outra pessoa. Serra, por bem ou por mal, tem uma trajetória política eleitoral própria. Pela primeira vez, me solidarizei com a figura Fernando Henrique Cardoso, oculta da na proposta do PSDB. Concordo com ele que Lula foi e continua sendo infantil ao insistir em falar de “herança maldita”. Sua era ficou marcada pelo impacto social negativo, mas um país endividado após décadas de esbanjamento desenvolvimentista não tinha alterantiva. Nenhum outro país na América Latina fez diferente (exceto Cuba) e os países que se recusaram a adotar as medidas impostas pelo FMI na década de 90, como a Guiné na Africa (alguém já ouviu falar? pois é...), estão entre os mais pobres do mundo hoje, com um índice de mortalidade infantil vinte vezes maior do que o Brasil, por exemplo.

....Finalmente, sobre Marina Silva. Me decepcionei. Votei nela com entusiasmo no primeiro turno, mas acho que sua opção pela “neutralidade” (isso existe?) foi indicativa de personalismo e falta de visão política ou falta de disposição para arriscar-se e tornar-se relevante politicamente. No fundo, sua campanha ficou como um louvor à sua figura e ela absteve-se da difícil decisão que eu e tantos outros brasileiros tiveram que enfrentar ontem na urna: se eu sou uma pessoa que valoriza a ética e o desenvolvimento sustentável, em quem eu devo votar: Dilma ou Serra? Marina se absteve de nos inspirar com o conhecimento interno do PT e PV/PSDB que ela tinha. Marina me decepcionou.

....Enfim, vou tomar mais um vinho para afogar as mágoas de ter votado em quem eu não acreditava e ter que viver quatro anos com Dilma no poder...ao menos, não sou uma alienada comemorando na Paulista a vitória do fantoche.

....Amanhã, vou me embebedar novamente para esquecer o quanto a minha geração AINDA é tão irrelevante na política brasileira. Não conseguimos ter um candidato em quem acreditarmos. Somos ainda sombra e massa de manobra das decisões da geração de 70, a qual Dilma e Serra pertencem.

Na India, tudo é possível!

Na India, tudo é possível, todos são "figuras",
não há regras, apenas intuição e criatividade.
Carrega-se filhos, botijões de gás a capacetes na garupa das motos.
Nas estradas, há caminhões na contramão, búfalos, pedestres, gente tomando banho de mangueira, camelos e tricicletas.
Por isso é que os portugueses nem desconfiaram de nada quando, errôneamente, chegaram ao Brasil há 500 anos!
Para ver as fotos, clique aqui.