.....Hoje é dia 7 de Setembro, falta menos de um mês para as eleições, e eu resolvi que vou dedicar o meu tempo de blog e Facebook a discutir alguns elementos das eleições 2010. Acho que o grau de alienação das pessoas em relação às eleições está alto demais! Ontem mesmo, no Facebook, tinha gente colocando "Fui comprar envelopes" como post!
.....Minha candidata já está definida desde o início da corrida presidencial, é Marina Silva, por questão de identificação com o seu pensamento sobre desenvolvimento sustentável e a dignidade da sua figura. Acompanhei sua luta no Ministério do Meio Ambiente e sei (por vivência) o quanto os processos de licenciamento se prostituiram desde que ela saiu do Ministério. No entanto, sabe-se que ela dificilmente chegará ao segundo turno, numa eleição que mais parece um plebiscito sobre a permanência do governo atual.
.....Minha inspiração para o engajamento no debate deu-se ontem, ao assistir o Roda Viva com Demétrio Magnólio, que é um cientista social, especialista em geografia política. Não concordo com tudo o que ele diz, particularmente em relação a questão racial, mas posso dizer que tive uma aula sobre democracia, que clareou e refrescou diversas idéias na minha cabeça. O programa está disponível online.
.....Magnólio colocou muito bem o porquê da popularidade de Lula ser imune à qualquer crise política. Ao invés de se render à dita "mágica" de personalidade, ele vê que o governo Lula conta com condições econômicas favoráveis e apostou em programas de transferência de renda (Bolsa Família), além de aumentar o salário mínimo significativamente. Sendo assim, conseguiu (por mérito) beneficiar a maior parcela da população, que vota no governo pelas melhorias concretas que tiveram em suas vidas. A "mágica" de Lula, na verdade, diz respeito ao momento histórico que está instalado, que é economico, político e social.
.....Em relação às crises éticas do mensalão, do caseiro e, agora, da quebra do sigilo bancários, coisa que ele vê como seríssima, criminal, e sintoma do Estado Brasileiro estar sendo controlado por um grupo político perigoso (não um partido, mas pessoas de vários partidos, empresários e mafiosos), ele diz que isso não abala o eleitor, porque ele está acostumado a ver esses tipos de crise darem em "pizza". Talvez, não acreditem que outros partidos não fariam coisas parecidas. Triste, mas confesso que também me sinto amortecida em relação a isso. Sinceramente, não espero uma conduta moral dos nossos governantes...em relação ao PT, em particular, conheço bem a postura de "os meios justificam os fins" que seus militantes adotam.
.....Quando Marília Gabriela perguntou porque os artistas e intelectuais do país não se manifestam em relação a tudo isso, Magnólio disse que a maioria dessas pessoas eram petistas e têm medo até hoje de se manifestarem contra o PT e serem associadas com a direita. Os intelectuais tem uma preocupação grande com como vão ser lembrados no futuro. Ou seja, apegam-se à noção nostálgica do PT que um dia foi um partido popular e, assim, não ousam ter visão crítica sobre o que restou dele e está hoje no poder.
.....Na visão de Magnólio, o problema se aprofunda na medida em que a oposição não conseguiu fazer o seu papel, frustrando o seu eleitor e o processo democrático como um todo. Ele diz que o PSDB (pouco disse do PV e outros) se acanhou e rejeitou a sua história, adotando nesta eleição uma atitude bolada por "marketeiros", de não se contrapor ao governo com altos índices de popularidade. Entrou na eleição com estratégia para vencer as eleições, ao invés de cumprir o seu papel de oposição, alimentando o debate de idéias para o Brasil.
.....Claramente, a proposta do PSDB é diferente da do PT em relação à estatização da economia, por exemplo. O PSDB é mais (neo)liberal, acredita na privatização de diversos setores da economia, mas tem medo de dizer isso abertamente. Se acua, se esconde, e assim, comete suicidio político, porque fica sem rosto. Tanto Serra quanto Alckimin acabam sempre defendendo suas candidaturas em termos de serem bons gestores, como se Presidente ou Governador fossem cargos gerenciais, quando são cargos políticos. As burocracias estão cheias de gestores, o que se espera de um líder é direcionamento político.
.....Vou dizer para vocês que eu sempre tive uma grande implicância com o Fernando Henrique Cardoso, porque acho-o infinitamente vaidoso e sem auto-crítica alguma. No entanto, frente às manifestações anti-FHC na FLIP (que eu achei ridículas, afinal, tantos participam do evento, porque não ele?) e essa falta de coragem do PSBD assumir a sua história, com seus erros e acertos, penso que FHC está sendo injustamente afastado da imagem do partido. A década em que ele governou tinha outro contexto e, dentro dele, apesar de cometer muitos erros, ele fez uma parte do que era importante fazer.
.....Enfim, Demétrio me fez lembrar que democracia, no seu verdadeiro sentido, é um sistema que parte do confronto de idéias sobre os rumos de um país. Sem diversidade de idéias não há democracia. Sem renovação no governo, não há democracia (a re-eleição, neste sentido, é sempre perversa). Encaramos as eleições com um olhar pragmático, porque nada nos inspira. Nenhuma idéia nova aparece. Sendo assim, claro, é melhor ficar tudo como está. É triste. Nossa democracia padeçe na mesmiçe, na descrença, no tédio, na exaustão...
.....Por esta razão, agora que me inspirei, vou tentar escrever mais sobre as eleições. Votarei em Marina, porque ela inclusive está prestando o serviço de levantar uma bandeira clara, uma idéia nova, que é a de um Brasil sustentável. Vamos discutir?
.....Minha candidata já está definida desde o início da corrida presidencial, é Marina Silva, por questão de identificação com o seu pensamento sobre desenvolvimento sustentável e a dignidade da sua figura. Acompanhei sua luta no Ministério do Meio Ambiente e sei (por vivência) o quanto os processos de licenciamento se prostituiram desde que ela saiu do Ministério. No entanto, sabe-se que ela dificilmente chegará ao segundo turno, numa eleição que mais parece um plebiscito sobre a permanência do governo atual.
.....Minha inspiração para o engajamento no debate deu-se ontem, ao assistir o Roda Viva com Demétrio Magnólio, que é um cientista social, especialista em geografia política. Não concordo com tudo o que ele diz, particularmente em relação a questão racial, mas posso dizer que tive uma aula sobre democracia, que clareou e refrescou diversas idéias na minha cabeça. O programa está disponível online.
.....Magnólio colocou muito bem o porquê da popularidade de Lula ser imune à qualquer crise política. Ao invés de se render à dita "mágica" de personalidade, ele vê que o governo Lula conta com condições econômicas favoráveis e apostou em programas de transferência de renda (Bolsa Família), além de aumentar o salário mínimo significativamente. Sendo assim, conseguiu (por mérito) beneficiar a maior parcela da população, que vota no governo pelas melhorias concretas que tiveram em suas vidas. A "mágica" de Lula, na verdade, diz respeito ao momento histórico que está instalado, que é economico, político e social.
.....Em relação às crises éticas do mensalão, do caseiro e, agora, da quebra do sigilo bancários, coisa que ele vê como seríssima, criminal, e sintoma do Estado Brasileiro estar sendo controlado por um grupo político perigoso (não um partido, mas pessoas de vários partidos, empresários e mafiosos), ele diz que isso não abala o eleitor, porque ele está acostumado a ver esses tipos de crise darem em "pizza". Talvez, não acreditem que outros partidos não fariam coisas parecidas. Triste, mas confesso que também me sinto amortecida em relação a isso. Sinceramente, não espero uma conduta moral dos nossos governantes...em relação ao PT, em particular, conheço bem a postura de "os meios justificam os fins" que seus militantes adotam.
.....Quando Marília Gabriela perguntou porque os artistas e intelectuais do país não se manifestam em relação a tudo isso, Magnólio disse que a maioria dessas pessoas eram petistas e têm medo até hoje de se manifestarem contra o PT e serem associadas com a direita. Os intelectuais tem uma preocupação grande com como vão ser lembrados no futuro. Ou seja, apegam-se à noção nostálgica do PT que um dia foi um partido popular e, assim, não ousam ter visão crítica sobre o que restou dele e está hoje no poder.
.....Na visão de Magnólio, o problema se aprofunda na medida em que a oposição não conseguiu fazer o seu papel, frustrando o seu eleitor e o processo democrático como um todo. Ele diz que o PSDB (pouco disse do PV e outros) se acanhou e rejeitou a sua história, adotando nesta eleição uma atitude bolada por "marketeiros", de não se contrapor ao governo com altos índices de popularidade. Entrou na eleição com estratégia para vencer as eleições, ao invés de cumprir o seu papel de oposição, alimentando o debate de idéias para o Brasil.
.....Claramente, a proposta do PSDB é diferente da do PT em relação à estatização da economia, por exemplo. O PSDB é mais (neo)liberal, acredita na privatização de diversos setores da economia, mas tem medo de dizer isso abertamente. Se acua, se esconde, e assim, comete suicidio político, porque fica sem rosto. Tanto Serra quanto Alckimin acabam sempre defendendo suas candidaturas em termos de serem bons gestores, como se Presidente ou Governador fossem cargos gerenciais, quando são cargos políticos. As burocracias estão cheias de gestores, o que se espera de um líder é direcionamento político.
.....Vou dizer para vocês que eu sempre tive uma grande implicância com o Fernando Henrique Cardoso, porque acho-o infinitamente vaidoso e sem auto-crítica alguma. No entanto, frente às manifestações anti-FHC na FLIP (que eu achei ridículas, afinal, tantos participam do evento, porque não ele?) e essa falta de coragem do PSBD assumir a sua história, com seus erros e acertos, penso que FHC está sendo injustamente afastado da imagem do partido. A década em que ele governou tinha outro contexto e, dentro dele, apesar de cometer muitos erros, ele fez uma parte do que era importante fazer.
.....Enfim, Demétrio me fez lembrar que democracia, no seu verdadeiro sentido, é um sistema que parte do confronto de idéias sobre os rumos de um país. Sem diversidade de idéias não há democracia. Sem renovação no governo, não há democracia (a re-eleição, neste sentido, é sempre perversa). Encaramos as eleições com um olhar pragmático, porque nada nos inspira. Nenhuma idéia nova aparece. Sendo assim, claro, é melhor ficar tudo como está. É triste. Nossa democracia padeçe na mesmiçe, na descrença, no tédio, na exaustão...
.....Por esta razão, agora que me inspirei, vou tentar escrever mais sobre as eleições. Votarei em Marina, porque ela inclusive está prestando o serviço de levantar uma bandeira clara, uma idéia nova, que é a de um Brasil sustentável. Vamos discutir?
Um comentário:
Estimada Deborah Goldemberg.
Solidarizo-me com sua bandeira.
Creio que de todos os presidenciáveis, Marina Silva é a que menos está comprometida com facções (movimentos) sociais, empresários e partidos (bando) políticos. Mas não posso deixar de externar minha indignação por não termos um único candidato que demostre interesse político verdadeiro. Não anularei meu voto, pois creio que devo cumprir meu dever cívico. Votarei provavelmente em Marina Silva, por achar que de todos os males, Marina Silva é a que causará menos impácto negativo na vida política brasileira.
Mais uma vez, parabéns e continue seguindo seus ideais.
seus artigos irão ajudar muito a democratizar a política nacional.
Sinceros e fraternos abraços.
Anderson Leite Lima
artigo Crônicas e Memoriais.
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