Não resisti dar uma "roubadinha" da imagem de Damiano Cali postada hoje no maravilhoso blog Letteri Café Apesar de eu preferir colares indígenas às pérolas, eu achei incrível a imagem e o título da foto The Book's Lover, que brinca com o conceito de sermos amantes dos livros (book lovers) e traz a possibilidade de haver a amante dos livros. Assim, o livro deixa de ser objeto de amor para ser sujeito, fálico, gostosão, que tem até uma amante! Afinal, eles merecem! Enfim, é só olhar...
sexta-feira, 26 de junho de 2009
quinta-feira, 25 de junho de 2009
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Ressurgência no Sebo
Estava passeando pelo site da Estante Virtual e morri de rir ao ver que Ressurgência Icamiaba já está disponível num sebo chamado Berinjela no Rio de Janeiro! O preço é R$12.50, pois está "em excelente estado de conservação" após todos esses três meses de existência!!! Fiquei pensando na trajetória fantástica que o livrinho deve ter percorrido desde o lançamento na Casa das Rosas! Como chegou até o Rio, pela Via Dutra ou Ponte Aérea? Quantos já o leram? Porque o leitor vendeu-o para um sebo? Quem será o próximo a comprar? Seria legal colocar um chip nele para ir rastreando sua vida, não? Quem quiser aproveitar a oferta, é só clicar neste anúncio
Next Door Neighbour
Da série Os Banhistas de Adriana Coppio, pintada em acrílico em tela, apresento esta imagem linda da minha "next door neighbour" que, após alguns encontros desencontrados no hall do elevador, eu descobri ser uma grande artista!
quinta-feira, 18 de junho de 2009
O que é EIXADA?
Eixada - do centro às beiradas. Capinando idéias que pululam e reagem contra a manipulação da máquina. É zombar remanejando a verba, dividindo o peso e somando num só corpo: o cooperativo. Simples e de respeito. Eixada.
.....Eixada pode ser marca, batata, modelo, suco de fruta no palito, alado ou congelado, ali do lado leste, em algum outro norte, sem códigode barra, já que é para reformular os meios de impressão, publicando em grande escala para o Brasilzão. Assim, busca-se fortalecer a resistência das formas de se expressar artisticamente. Daí a nossa visão: descentralização do eixo - uma nova possibilidade – conexão viral entre artistas de toda a massa nacional. Processo coletivo. Um selo. Eixada.
.....Eixada é quém do mercado editorial. Disposição em fazera própria distribuição em quais quer espaços que sejam: bar, motel, mercearia, açougue, brechó, igreja, terreiro, baile, feira,f arol, mão em mão... o que vale é deixar o rastro. Nosso ideal é a ação, o indivíduo não! Desterritorialização do não-lugar. Uma pá di gente no campo das letras. Eiso que tem cá. Eixada.
.....Eixada pode ser marca, batata, modelo, suco de fruta no palito, alado ou congelado, ali do lado leste, em algum outro norte, sem códigode barra, já que é para reformular os meios de impressão, publicando em grande escala para o Brasilzão. Assim, busca-se fortalecer a resistência das formas de se expressar artisticamente. Daí a nossa visão: descentralização do eixo - uma nova possibilidade – conexão viral entre artistas de toda a massa nacional. Processo coletivo. Um selo. Eixada.
.....Eixada é quém do mercado editorial. Disposição em fazera própria distribuição em quais quer espaços que sejam: bar, motel, mercearia, açougue, brechó, igreja, terreiro, baile, feira,f arol, mão em mão... o que vale é deixar o rastro. Nosso ideal é a ação, o indivíduo não! Desterritorialização do não-lugar. Uma pá di gente no campo das letras. Eiso que tem cá. Eixada.
.....Eixada é como se fosse um cartão de visita de um tempo, esse documentinho pretende colocar lado a lado colunas verticais que se sustentem. Enfileirar fazedores d’arte contemporâneos, nem os melhores, nem os mais aptos, mas os que responderam ao chamado do eixo. Em mil inserções diferentes, todos aqui presentestem cara e braço para segurar o bandido, espantar a onça e bradar na passeata. Eixada.
terça-feira, 16 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Fronteira
José de Souza Martins convida para coquetel de abertura da exposição de fotografias que fez na Amazônia, nos anos 70, durante pesquisa sobre conflitos na frente de expansão, quando trabalhou em Rondônia, Acre, Mato Grosso, Pará, Pré-Amazônia Maranhense e Goiás (na região do atual Tocantins), anos de tensão e violência, quando milhares de povoados e centenas de cidades, hoje prósperas, estavam nascendo, abertos na mata por migrantes do Sul, do Sudeste e do Nordeste. Será na sala "Mário de Andrade" - Saraiva MegaStore do Shopping Pátio Paulista, no dia 17 de junho de 2009, quarta-feira, a partir das 18h30 junto com o lançamento do seu livro: Fronteira - A degradação do Outro nos confins do Humano. Como sabem, este é um tema que me é caro e em breve terei novidades literárias neste sentido!!! (a foto acima é dele, de São Felix do Xingu)
quarta-feira, 10 de junho de 2009
terça-feira, 2 de junho de 2009
DIÁLOGO DE UM CASAL SOBRE O ELEFANTE DE ESPUMA
A Galeria Vermelho, que deve ter sido batizada inspirada no peixe homônimo, é o reduto dos artistas descolados e seus pseudo-comparsas. Isto simplesmente quer dizer que lá as pessoas não são coladas à nada – seja à preconceitos, padrões ou paredões – elas são “des.” Por isso, eu não estranhei o curioso diálogo que lá testemunhei esses dias.
.....Ele devia ter seus trinta e dez anos, mas claro que vestia-se de preto o que, junto ao boné invertido, dava-lhe ares de um artista marginal e possivelmente até radical. Ela não era mais jovem e nem por isso casada, como ele logo observou no seu dedo da mão esquerda, mas usava uma saia mais colorida do que o quadro de Beatriz Milhazes com um decote estratégico na altura dos seios que traía alguma intenção além-arte na sua presença ali. De qualquer forma, não esquecera os óculos de aros trapézicos para ler as legendas dos quadros e instalações.
.....Quando avistaram um ao outro, a sala estava vazia, exceto pelo elefante de espuma cinza em tamanho natural que o artista João Loureiro instalou ali e eu, o narrador, que sou uma mosca feita da mesma espuma e grudada no teto - sou parte da mesma instalação, mas só que ninguém viu!
.....Ela empurrou os óculos para o alto do nariz com unhas azul marinho na ponta do seu dedo indicador. Ele tomou mais seis goles de cerveja de uma vez, do jeito que eu já percebi que os alcoólatras sociais fazem quando vão a um evento de galeria em que a breja é de grátis. Ela respirou fundo. Ele virou outros seis. Os olhos dela escapuliram na direção dele, o que o fez sentir confiante e por isso ele manteve o olhar reflexivo fixo no elefante. Ela circundou o animal, admirando mais do que tudo a sua trompa. Percebendo que o “moço” não havia ainda arredado o pé dali, e interpretando isso como um sinal de interesse, ela exclamou:
- Que incrível!
Ele respondeu afirmativamente com a cabeça e um grunido assertivo,
- Hmm.
- É pura ironia!
- Também.
- Também? Total! Tipo assim, o cara conseguiu colocar a presença maciça de um elefante na sala, mas ao mesmo tempo sabemos que ele é tão leve que pode ser levantado com uma mão.
- É. – ele bebeu mais seis.
- Tipo assim, ele pôs em xeque toda a questão filosófica da massa versus o peso, como quem diz: até algo elefântico pode ter o peso de uma pluma.
- E vice-versa, né? – ele animou-se.
- Exato! Poderia ser uma formiga que pesa uma tonelada.
- É! – ele riu.
- Tipo, é a arte desafiando toda a ciência e a lógica cartesiana; questionando: porque que algo grande em forma de um elefante tem que necessariamente ser pesado?
- É imprevisível.
- É metafísico!
- Física quântica pura.
- Meu, genial esse cara!
- Genial mesmo.
.....Um breve silêncio instalou-se em meio à toda essa concordância. Ela ajeitou novamente o trapézio que escorregara nariz abaixo com o suor que foi gerado durante a intensa troca sobre o elefante. Ele bebeu mais seis e percebeu havia chegado ao fim.
- Vamos trepar? – ele perguntou.
Ela olhou para ele com admiração. Talvez tenha se surpreendido, mas muito provavelmente ela considerou genial a sua franqueza.
- Vamos.
.....Eu cai do teto e colei no elefante.
.....Ele devia ter seus trinta e dez anos, mas claro que vestia-se de preto o que, junto ao boné invertido, dava-lhe ares de um artista marginal e possivelmente até radical. Ela não era mais jovem e nem por isso casada, como ele logo observou no seu dedo da mão esquerda, mas usava uma saia mais colorida do que o quadro de Beatriz Milhazes com um decote estratégico na altura dos seios que traía alguma intenção além-arte na sua presença ali. De qualquer forma, não esquecera os óculos de aros trapézicos para ler as legendas dos quadros e instalações.
.....Quando avistaram um ao outro, a sala estava vazia, exceto pelo elefante de espuma cinza em tamanho natural que o artista João Loureiro instalou ali e eu, o narrador, que sou uma mosca feita da mesma espuma e grudada no teto - sou parte da mesma instalação, mas só que ninguém viu!
.....Ela empurrou os óculos para o alto do nariz com unhas azul marinho na ponta do seu dedo indicador. Ele tomou mais seis goles de cerveja de uma vez, do jeito que eu já percebi que os alcoólatras sociais fazem quando vão a um evento de galeria em que a breja é de grátis. Ela respirou fundo. Ele virou outros seis. Os olhos dela escapuliram na direção dele, o que o fez sentir confiante e por isso ele manteve o olhar reflexivo fixo no elefante. Ela circundou o animal, admirando mais do que tudo a sua trompa. Percebendo que o “moço” não havia ainda arredado o pé dali, e interpretando isso como um sinal de interesse, ela exclamou:
- Que incrível!
Ele respondeu afirmativamente com a cabeça e um grunido assertivo,
- Hmm.
- É pura ironia!
- Também.
- Também? Total! Tipo assim, o cara conseguiu colocar a presença maciça de um elefante na sala, mas ao mesmo tempo sabemos que ele é tão leve que pode ser levantado com uma mão.
- É. – ele bebeu mais seis.
- Tipo assim, ele pôs em xeque toda a questão filosófica da massa versus o peso, como quem diz: até algo elefântico pode ter o peso de uma pluma.
- E vice-versa, né? – ele animou-se.
- Exato! Poderia ser uma formiga que pesa uma tonelada.
- É! – ele riu.
- Tipo, é a arte desafiando toda a ciência e a lógica cartesiana; questionando: porque que algo grande em forma de um elefante tem que necessariamente ser pesado?
- É imprevisível.
- É metafísico!
- Física quântica pura.
- Meu, genial esse cara!
- Genial mesmo.
.....Um breve silêncio instalou-se em meio à toda essa concordância. Ela ajeitou novamente o trapézio que escorregara nariz abaixo com o suor que foi gerado durante a intensa troca sobre o elefante. Ele bebeu mais seis e percebeu havia chegado ao fim.
- Vamos trepar? – ele perguntou.
Ela olhou para ele com admiração. Talvez tenha se surpreendido, mas muito provavelmente ela considerou genial a sua franqueza.
- Vamos.
.....Eu cai do teto e colei no elefante.
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