.....Por este blog ser um blog literário, às vezes sinto-me culpada em postar aqui coisitas não-autorais ou midiáticas, mas estive pensando que um blog literário se enriqueçe ao falar também da experiência mais ampla do escritor, o que inclui a reação da mídia, dicas dos amigos, etc.
.....Recentemente, começou a me acontecer uma coisa bacana que é ouvir a reação de pessoas fora do meu círculo direto de amigos sobre o livro Ressurgência Icamiaba (RI).
.....Como eu já esperava, a reação do leitor é surpreendente para o escritor e amplia o significado do livro. Quando passei pela FFLCH em 2008, conheci a teoria literária da estética da recepção, propagada por Wolfgang Iser (1978) e Hans Jauss (1967), que prega o texto como local de produção e proliferação de significados. Concordei com aquilo e agora vivo isso.
.....Sob o título de reflexões literárias, pretendo compartilhar algumas das recepções mais interessantes que eu ouvir sobre RI:
- Minha amiga Caroline me liga dizendo, "Que filho da p*** aquele Oxum, como é que ele teve coragem de deixar a Kianda com uma filha pequena!" (note que Caroline é mãe de uma pequena moçinha chamada Laura, de quase 2 anos)
- O jornalista Mencius Melo, amazonense, me deu uma leitura equilibrada e entusiasmada do livro, chamando a atenção para algo que eu não havia me dado conta, que é o risco que corri ao escrever sobre um universo de alteridade, o amazônico. Ele admirou-se da confiança com o qual fiz uso da linguagem regional, o que o fez inquirir, "Você tem certeza de que é paulistana?" Muito facilmente, eu poderia ter deslizado, exagerado, etc. Pensei que se eu tivesse ficado muito encucada com isso, talvez tivesse perdido a naturalidade...
- Além disso, Mencius disse algo com o qual me relaciono muito fortemente, "É um bom primeiro livro." Concordo com ele e assim mesmo vejo esta minha obra. Durante mais de uma década tive medo de escrever "para fora" pois pairava sobre a minha cabeça o "medo de não ser Tolstói no primeiro conto". Um belo dia, aprende-se que todo escritor teve seus escritos de juventude, como são chamados (há publicações antológicas destas fases de grandes escritores), e isso nos faz perder o acanhamento em relação aos nossos primeiros passos, possibilitando-nos gostar daquilo que escrevemos por aquilo que são.
Um comentário:
Não fui ao lançamento como sempre por motivo de trabalho.
Gostei de sua reflexão aqui.
bjs.
Liniane
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